Horizons

Quando uma luta acaba em Mortal Kombat, o oponente fica tonto por um tempo e o vencedor pode executar um comando pra fazer o personagem controlável finalizar o derrotado. Existem várias finalizações diferentes, a mais popular sendo o Fatality. Mas o segundo jogo da franquia introduziu uma nova forma de finalizar o oponente, chamada Friendship. Nessa finalização, ao invés de estraçalhar a vítima, o vencedor faz alguma brincadeira ou oferece algum presente para ela.

Friendship
Friendship de Baraka em Mortal Kombat 2.

Hoje tô iniciando uma nova seção no blog onde vou trazer amigos meus pra compartilharem suas vivências com jogos, e eu não poderia achar um nome mais legal pra essa seção do que Friendship :) Os posts dessa seção serão no formato perguntas e respostas, onde eu elaboro um conjunto de perguntas sobre um tema de jogos que a pessoa convidada gosta muito.

E o convidado de hoje é…

Marcelo

Marcelo é uma das surpresas agradáveis que a vida profissional me trouxe. Nos conhecemos quando eu fui trabalhar em Porto Alegre em 2014. Fomos alocados no mesmo projeto e passamos uns meses trabalhando juntos, e nesse tempo descobrimos alguns interesses em comum e começamos uma amizade que dura até hoje.

Trouxe ele aqui pra falar um pouco sobre um dos melhores jogos que ele já jogou na vida: Final Fantasy XIII.

Final Fantasy XIII para PS3
Capa do jogo Final Fantasy XIII para PS3.

Fala Marcelão!

Tarso: Fale um pouco sobre você, sua vivência com jogos e que tipos de jogos você gosta de jogar.

Marcelo: Sou de Porto Alegre, tenho 33 anos e jogo videogames desde os 3 anos de idade. Comecei jogando em um Master System (tive vários ao longo dos anos), e desde que me conheço por gente, jogos fazem parte da minha vida. Joguei muito Carmageddon no MS-DOS, Diablo, Age of Empires e outras séries no PC mais pra frente, além de por muitos anos ter jogado grandes MMOs como Tibia, Ragnarok e mais recentemente Final Fantasy XIV.

Meu gênero favorito são os JRPGs. O primeiro grande rpg japonês que me marcou foi Final Fantasy VII, que joguei com apenas 6 anos de idade. Na época não compreendia muito o que acontecia no jogo, o que dizia a história e tudo mais, mas lembro de ficar muito impressionado com os gráficos e o design dos personagens que pra mim eram super realistas. A música também é algo que capturou minha atenção, seguido me pegava cantarolando o tema de batalha.

Com o tempo fui ganhando uma grande admiração por jogos de luta também, principalmente por Tekken 3 e Marvel vs Capcom, o que me levou gradualmente a jogar jogos de luta de maneira um pouco mais competitiva.


Tarso: Dentro de sua experiência com videogames, o que os jogos de Final Fantasy representam pra você? Você gosta da série?

Marcelo: A série Final Fantasy é sem dúvidas a minha favorita. Lembro como se fosse ontem o dia que ganhei uma cópia de Final Fantasy IX, aos 9 anos de idade, no dia do meu aniversário, parece até coisa do destino. Foi um dia mágico que nunca vou esquecer, tenho os discos originais guardados até hoje.

Joguei absolutamente todos os jogos da série principal, assim como seus spin-offs, e também os MMOs e faço sempre questão de acompanhar os anúncios de jogos novos na série. Recentemente terminei de jogar Final Fantasy XVI que é talvez o jogo mais divisível da franquia atualmente, e estou à beira de pegar um troféu de platina em Theatrhythm Final Bar Line, um spin-off musical.


Tarso: Se você listasse todos os Final Fantasies do melhor pro pior, Final Fantasy XIII estaria em que posição?

Marcelo: Se tivesse que listar todos os jogos principais, colocaria Final Fantasy XIII na terceira posição, logo acima de Final Fantasy XII.

Sei que para algumas pessoas, isso pode ser polêmico, dado a quantidade de críticas que Final Fantasy XIII recebe ainda hoje, mas considero Final Fantasy XIII um dos melhores jogos “modernos” da franquia, e com certeza um dos mais graficamente impressionantes, além de ser uma trilogia, algo totalmente novo pra franquia.


Tarso: Por que FFXIII é tão bom em comparação com os outros jogos da série?

Marcelo: Os motivos que me fazem gostar tanto de Final Fantasy XIII são vários. Os gráficos são lindos mesmo para os padrões de hoje, creio que muito por conta da arte futurista e a impecável direção de arte, que dá ao jogo um toque de elegância difícil de encontrar em outros jogos por aí.

A jogabilidade e a música são os outros dois grandes elementos que me fazem ter Final Fantasy XIII como um dos meus favoritos.

O sistema de batalha é completamente novo, inovador e muito desafiador. Se tivesse que descrever brevemente esse sistema, diria que é uma mistura de batalhas em turno com ação em tempo real, com estratégia baseada em liderança. Parece complicado né?

A música é algo que faz um par incrível com a atmosfera elegante e os gráficos futuristas do jogo. É a trilha sonora que eu mais gosto da série, e sei que essa também é uma afirmação muito polémica, dado que a trilha não é escrita por Nobuo Uematsu, compositor da maioria dos jogos anteriores, mas por Masashi Hamauzu.

E é claro, a história, que contém muitos dos meus personagens favoritos da série. A maneira que o enredo se desenrola e como cada personagem cresce com as experiências e interações uns com os outros é algo incrivelmente bem executado em Final Fantasy XIII.


Tarso: E teve alguma coisa no jogo que você gostaria que fosse diferente?

Marcelo: Gostaria que as invocações tivessem maior impacto nas batalhas.

Pra dar um pouco de contexto: os personagens de Final Fantasy XIII passam por algo parecido com uma maldição, que os tornam os famosos “l’Cie”, e onde cada um recebe uma marca. Essa marca é como uma tatuagem, que cresce ao longo do tempo, quase como um cronômetro. O objetivo dessa marca, é contar o tempo que esses indivíduos têm para completar o seu “foco”, ou a sua missão, que é imposta por entidades divinas. Quem falhar em completar sua missão a tempo é punido se tornando um monstro, enquanto quem completar sua missão com sucesso, hiberna na forma de um cristal por tempo indefinido.

É aí que entram os Eidolons, que são entidades míticas enviadas pela deusa Etro para libertar aquele indivíduo do peso da maldição que lhe foi imposta, quando aquele o faz contra sua vontade, mas de qualquer forma não é exatamente um final feliz, afinal a libertação é na verdade uma execução.

Quando um l’Cie ganha confiança sobre seu foco, domina seus conflitos morais e aceita seu destino, seu Eidolon correspondente se alia à sua causa, se tornado uma espécie de guardião daquele l’Cie, como é no caso dos heróis da história. Porém durante o combate, os Eidolons só podem ser invocados pelo líder do grupo, substituindo temporariamente os dois personagens coadjuvantes, e entrando em batalha em seus lugares.

Isso não seria um problema se os Eidolons fossem controláveis, mas não são. São AIs, de certa forma superpoderosas, mas que removem parte da agência do grupo, e seu uso costuma ser muito situacional no contexto do jogo.

Por exemplo, o Eidolon de Vanille, Hecatoncheir, é muito útil como parte de uma estratégia para derrotar alguns monstros muito difíceis no fim do jogo, e que lhe dá uma fonte de recursos raríssimos para fazer melhorias nas armas para suas formas “ultimate”, mas fora desse contexto muito específico, Eidolons não tem muita utilidade. Na maioria das vezes, a party que você escolher, se tiver papéis balanceados, vai se sair bem melhor em qualquer batalha do que invocar um Eidolon.


Tarso: Pra você, como é a aceitação de FFXIII por parte do público da série Final Fantasy?

Marcelo: É um jogo polêmico. Tem quem ama perdidamente e tem quem odeia com toda sua força, mas o que entendo é que a principal crítica ao jogo é ele ser muito linear, como Final Fantasy X o que pra mim não é um problema mas entendo quem não gosta.

A história também é um ponto complexo, pois vejo algumas críticas válidas sobre o ritmo em que ela avança, e sobre a terminologia complicada usada para descrever o mundo. Termos como Fal’Cie, L’Cie, Pulse L’Cie, etc podem gerar uma certa confusão, mas sinceramente não vejo como isso é diferente de outros jogos da série.

Agora uma crítica muito comum que não concordo é sobre o sistema de batalha. Alguns dizem que o jogo se joga sozinho, que você só precisa ficar selecionando a opção de auto-battle. Isso não é verdade e quem afirma isso com certeza não terminou o jogo, pois nem conseguiria passar dos chefões iniciais.


Tarso: Nos consoles, FFXIII ficou preso na geração do PS3/XBOX 360. Por que você acha que a Square Enix ainda não trouxe esse jogo pras gerações atuais?

Marcelo: Esse é um tema complicado, pois é muito difícil dizer o porquê de uma empresa do tamanho da Square Enix tomar certas decisões.

O máximo que posso especular é que como o jogo já tem uma versão na Steam, teve uma recepção controversa no ocidente, e por ser um jogo que graficamente se sustenta até os dias de hoje sem a necessidade de um remaster, talvez eles não vejam muito incentivo para relançar nas plataformas atuais.


Tarso: Em que posição você colocaria FFXIII em uma lista com os melhores jogos do PS3?

Marcelo: Bem, se estamos falando apenas dos exclusivos de PS3, eu o colocaria em primeiro. Sem dúvidas é o melhor JRPG da plataforma e o jogo com mais cara de “next gen” da época.

Fiquei muito tentado a colocar em segundo e deixar Metal Gear Solid 4 em primeiro lugar, mas pensando no fator diversão, eu me divirto muito mais com RPGs, e contando com o fato de que a história de Final Fantasy XIII tem duas continuações incríveis, fica mais fácil de tomar esta decisão.


Tarso: Pra concluir, você recomendaria FFXIII como um jogo relevante da série nos dias de hoje? Recomendaria ele como porta de entrada pra série?

Marcelo: Final Fantasy XIII é um dos meus jogos favoritos da série. Não só continua sendo relevante nos dias de hoje, como as suas sequências, Final Fantasy XIII-2 e Lightning Returns: Final Fantasy XIII também são. A trilogia é uma experiência única que não se encontra em nenhum outro jogo RPG. É realmente uma experiência única.

Agora sobre recomendar como ponto de entrada vai muito do contexto de quem pergunta.

Se a pessoa a quem eu estivesse recomendando fosse uma pessoa que procura um RPG mais clássico, eu recomendaria Final Fantasy IX. Se ela busca uma experiência com muita ação e uma história direta ao ponto, Final Fantasy XV. Se ela busca um jogo com uma história intrigante e que te faz pensar, personagens profundos, e um sistema de batalha desafiador e divertido que remete aos RPGs clássicos, porém com um twist moderno, recomendaria Final Fantasy XIII facilmente.

O fato é, se você curte sistemas de RPG japoneses, gostou do design dos personagens de Final Fantasy XIII e tem curiosidade de explorar o mundo de Cocoon, dificilmente você vai se decepcionar.

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